Hasta siempre comandante
É bom, justo e asseado, dizer coisas, arriscar, reinventar a realidade, torcê-la se for preciso, para que as coisas fiquem mais coisas, mais palácio, mais olhar o futuro como se houvesse qualquer coisas para ver. Até se pode mentir para realçar o lado bom de qualquer coisa, quando faltam coisas boas a sério e essas faltam cada vez mais. É bom ficar pelas primeiras impressões, não pensar muito, não construir em cima de qualquer medo.
Por tudo isto, e por muitas outras razões, recuso qualquer crítica, qualquer torcer de nariz, qualquer pergunta sem sorrisos sinceros, quando eu disser que gosto da canção do Carlos Puebla, que o Robert Wyatt mais uma vez reinventou, no seu recente “comicopera”. Hasta siempre comandante Wyatt.
Eu estava em casa a ouvir a música e o meu filho perguntou-me:Tu gostas do Che Guevara? E eu pensei, qual Che Guevara? O das T-Shirts? O da minha adolescência ? O revisto anos depois da morte sem possibilidade de defesa?
E por muitas miúdas giras, ideias arrumadas, liberalismos com encontro marcado com o progresso e o futuro, estadistas, igrejas e memórias que a direita tenha do seu lado, eu nunca estarei aí. Também não há nenhuma esquerda que me sirva, pois azedei, oiço e não sinto, vejo e não acredito, sei que mentem e são apenas gulosos como os outros.
Sendo assim fico-me pelas cantigas e voto sem convicção.
para a Filipa
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