20.6.07

Hoje de manhã em Lisboa


É bom ter tempo para ir de manhã até ao café e estar meia hora entre queque, bica, livro e ver quem passa. Ver as pessoas repetidas e certas como cronómetros. Ver as outras igualmente certas nos seus atrasos e correrias. O cão no terceiro andar em frente a olhar a rua à espera de ver o dono voltar (vai esperar o dia todo). Escutar em fundo conversas por vezes demasiado audíveis.
"O rapaz nem acabou o 12º, especializou-se em curtumes e agora foi chamado por uma empresa lá de fora e está a ganhar para cima de ... (perdi esta parte). Adeus e b'joquinhas querida!"
Depois cem metros em silêncio, até à primeira banca de jornais, onde olhei rápidamente para os cabeçalhos:
”Rui Costa chocado”
“Hoje sou uma mãe respeitável”
“Aeroporto na Ota já custou 34 milhões”
"24% dos oncologistas admitem fazer eutanásia"
e sigo em frente, pela rua com pessoas espalhadas por todo o lado, vestidas para todas as estações e de todas as cores, em crescente correria, muitos deles apenas para ficarem todo o dia sentados, à espera da hora de regressar.
Hoje acordei cedo demais, a pensar que tinha de levar a minha filha à escola ( afinal não fui eu ), no concerto dos Sétima logo à noite no Frágil e nos discos que vou passar.
Antes de sair de casa para ir ao café e escorregar pelo extraórdinário labirinto das páginas dos Anéis de Saturno ( W.G.Sebald), vi noticiarem na tv o prémio atribuído ao documentário de Jorge Pelicano, “Ainda há pastores”, vi a apresentação e as imagens da entrega do prémio no Festival de Cinema Ambiente do Mundo. Quero ver o filme todo.

Blog Ainda há pastores

Trailer no Youtube


Agora escrevo isto a ouvir o FabricLive.31, um dj set dos Glimmers. Aí (re)encontrei Pop dell Arte, e foi por causa do disco dos belgas, que voltei a ouvir coisas já quase esquecidas com o Querelle ou Turin Welisa Strada.

Next!